contar ovelhas já era...

Mãe, aprender a dormir é simples. Basta fechar os olhos e esquecer tudo… tudo o que se fez… não é?

Pedro, quase 5 anos

ler

O André começou agora as aulas no 1º ano do ensino básico. No fim do primeiro dia a mãe perguntou-lhe como tinha sido e ele respondeu, com ar de expectativa defraudada: Só fiz desenhos! Ainda não sei ler…

André, 6 anos

presidente


Estávamos a conversar ao telefone e ele explicava-me como tinha sido o seu dia de escola, sempre a fazer voz grossa. Por fim perguntou-me, dando ainda maior ênfase à sua voz autoritária, Sabes quem sou eu? Quem és?, perguntei eu. Sou o Presidente da República!, disse ele. Ah, sim?! De que República?, quis eu saber. Da República das Finanças!

(Nem Ferreira Leite ou Bagão Félix, aspiraram a tanto…)

Pedro, 4 (quase 5) anos

voo


Junto a um grande cipreste, olhou para o alto e disse:

Eu podia ser um pássaro. Assim, podia esconder-me aqui... (apontando para o topo da árvore) e depois via as pessoas e as coisas lá de cima.


Pedro, 4 anos

sono fingido

De manhã, ao sair de casa, fui dar-lhe um beijo à cama. Acordou meio-aborrecido e disse-me:
Mãe, porque é que me acordaste? Agora tenho de dormir a fingir...

eternidade

Se as pessoas celebram anos e os números são infinitos, porque é que morremos?

anónima, 5 anos

botão vermelho


O André de 4 anos e a mãe regressavam a casa ao fim do dia e desceram na habitual estação do Metro. Dirigiram-se à escada-rolante que os conduzia para a superfície e a mãe largou-lhe a mão por ter de carregar sacos de compras. Perante a liberdade momentânea, o André lembrou-se de experimentar aquele botão vermelho que, todos os dias, despertava a sua atenção. A escada-rolante ia apinhada de gente que regressava às suas casas depois de mais um dia de trabalho. O André ajoelhou-se e carregou, sem dar tempo à mãe de reagir. A escada-rolante parou abruptamente e a multidão que subia abanou e amontoou-se ainda mais, olhando zangada e surpreendida para o pequeno rapaz feliz por finalmente ter visto o botão vermelho em acção… a mãe do André desejou que surgisse do nada um buraco onde se esconder!